Ser um meio é o meu fim

Ser um meio não é o meu fim. Ouvi esta frase em uma aula, e após isso, ela ficou insistentemente em minha mente. Então, resolvi escrever sobre o que me fez refletir.

No Catecismo Maior de Westminster a primeira pergunta feita é: Qual é o fim supremo e principal do homem? Resposta: O fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre. Como vemos o nosso fim/objetivo, em linhas gerais, nada tem a ver conosco, mas sim com a glória de Deus sendo vista através das nossas vidas. E uma das formas de glorificarmos a Deus, é colocando em prática o segundo mandamento deixado por Cristo, "Ame o seu próximo como a ti mesmo", já nos amamos o suficiente, por isso não há um mandato para nos amarmos mais, mas sim, um mandato para servirmos aos nosso próximos, já que amor, na perspectiva cristã, é serviço.

Devemos ser meios de graça na vida das pessoas que nos rodeiam, devemos ter relacionamentos intencionais com o objetivo de glorificar a Deus através deles. Passamos os nossos dias rodeados e conectados com pessoas e quais têm sido as nossas boas obras a essas pessoas? Qual foi a última vez que você elogiou de forma genuína um trabalho bem feito? Ou pagou um cafezinho para um colega? Chamou amigos para compartilharem de uma refeição com você? Ou até mesmo ajudou aquela família nos cuidados do lar?

Isso tudo me faz refletir sobre quantas oportunidades tenho perdido de abençoar outras pessoas pelo simples fato que não consigo esquecer de mim e das minhas necessidades. Eu sou o meu fim, meu mundo gira em torno de mim e de mim somente. Já parou para pensar nisso? Eu parei, e me assustei com meu egoísmo.

A vida do cristã é um constante esvaziamento de si mesmo, pois só nos esvaziando é que podemos ser cheios de Cristo! Glorificar a Deus é ser um meio de graça, é ser um meio para que no fim Cristo seja conhecido. É também ter a certeza de que enquanto cuidamos do nosso próximo, o Senhor cuidará de nós através de alguém.

Termino com um trecho do livro Simplesmente Crente, do Michael Horton: "Deus desce para servir a humanidade por meio de nossas vocações, para que, em vez de ver as boas obras como nossas obras para Deus, elas sejam agora vistas como obras de Deus para nosso próximo, realizadas por Deus através de nós."