Talvez chova hoje
- Müller Alves
- 7 de set. de 2022
- 3 min de leitura

Se hoje você soubesse que choveria, acaso sairia sem nenhuma proteção contra a água? Não pensaria em levar um guarda-chuva, capa, botas ou mesmo nem sairia? Contudo, as vezes que você foi tomado por surpresa e acabou ensopado, você olhou para o céu?
Alguns dias o sol brilha forte, o ar está quente e o céu celeste vibra como um topázio. Como saber se choverá? Bem, você pode olhar para o céu. Eu penso que muito se pode entender das intempéries climáticas e suas implicações para as nossas atividades, porém, quando a chuva ocorre em nossas vidas, nem sempre é fácil se antecipar e preparar suas galochas contra a tristeza e a ansiedade.
Pode-se pensar em “como eu não olhei pro céu?” ou ainda “não dava pra ver que as nuvens se aproximavam?”, e bem, em suma sim. Em muitos casos olhando para o horizonte, sentindo o vento e a temperatura do ar, podemos prever que logo virá uma chuva e partir daí, apenas, que vamos buscar refúgio. Mas como gostaríamos de prever todas as chuvas, como mais ainda gostaríamos de prever as intempéries do coração. Há dias que você pode olhar para o céu, pode olhar o horizonte, buscar os sinais em todos os lados, e mesmo assim, no meio do trajeto a chuva vem, e mesmo que você esteja com seu guarda-chuva, botas e capa, ainda assim você se molha, mesmo que feche todos os possíveis caminhos da gélida gota d’água, mesmo assim, ela encontra caminho e ali, mesmo com todas as proteções contra a tempestade, toca tua pele.
E então? Quando a tempestade castiga o coração e leva teus sonhos? Quando a chuva é tão forte que é difícil almejar o brilho do sol? Quando você não se lembra da sensação do calor nos dias ensolarados do verão? Quando a chuva cai e o que sobra do horizonte é apenas uma fria penumbra? A má notícia é que o guarda-chuva pode te auxiliar, a capa pode te proteger e as galochas vão te apoiar, e nisso por um intento de ficar bem, você pode acreditar que conseguirá ficar seco somente com teus utensílios. Por algum motivo pode achar que não tem mais refúgio que te salve da tormenta. Ao final, pensa que a vida é isso, chuva.
Talvez chova hoje. Ou já chove. Ainda pode chover. E em todos os casos o melhor a se pensar diante de uma chuvarada tão funesta, é no abrigo verdadeiro, abrigo forte, seguro e quente, para o cuidado das nossas roupas molhadas, de nosso coração encharcado e de nossas mentes alagadas. Há calor e recuperação no refúgio. Amanhã pode ser que ainda chova e que o frio ainda nos assole, mas há calor. Chove lá fora, mas há roupas secas aqui dentro. O céu segue cinza, mas aqui há luz. Talvez as nuvens cinzas vão tardar em dissipar-se, mas aqui ainda há esperança. Aqui, se constrói e se seca as roupas, aqui se recompõem os trajes e se secam os utensílios. Aqui temos a oportunidade do amanhã.
O bom desempenho contra as tristezas e ansiedades não dependerão da nossa mão em expulsar as nuvens carregadas, mas no quanto estamos guardados no refúgio. Fazer aquilo que podemos para nos preparar para quando o sol voltar, quando o dia raiar e os pássaros cantarem como no desabrochar de um risonho verão, nos fará olhar para o horizonte e esperar por mais dias de sol.
Charles H. Spurgeon comentando Eclesiastes 9.10, escreveu: “Então procuremos sua ajuda; continuemos com oração e fé, e, quando tivermos feito o que nossa mão tem para fazer, esperemos no Senhor por Sua bênção. O que fizemos assim será bem-feito, e não falhará em seus resultados. ” Àqueles que cansados estão de tanto enxugar suas roupas molhadas, há refúgio no Senhor, há calor, perdão e esperança no refúgio perfeito, o Deus de Abraão.
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